Mudanças climáticas colocam cadeia global de semicondutores em risco, aponta estudo

A crescente instabilidade climática ameaça diretamente a cadeia global de produção de semicondutores, especialmente devido à dependência do setor de matérias-primas como o cobre, cuja extração está concentrada em regiões vulneráveis ao estresse hídrico, como o Chile. A constatação é parte de um estudo publicado nesta quarta-feira (9) pela consultoria PwC (PricewaterhouseCoopers), que alerta para impactos estruturais no abastecimento global de chips até 2035.

De acordo com o relatório, a escassez de água causada por secas prolongadas e alterações no regime de chuvas comprometerá até 34% da produção global de cobre refinado nos próximos dez anos. O Chile, principal exportador do metal, enfrenta há mais de uma década um quadro de crise hídrica agravada pelas mudanças climáticas, o que já força empresas a revisar operações e buscar alternativas logísticas e tecnológicas.

“Sem cobre suficiente, a fabricação de semicondutores pode enfrentar interrupções significativas, afetando desde a indústria automotiva até os setores de telecomunicações e defesa”, alerta o documento. O cobre é essencial para circuitos integrados, cabeamento, conectores e sistemas de resfriamento — componentes críticos na eletrônica avançada.

O relatório também destaca que grandes fabricantes de chips, como Intel, TSMC e Samsung, deverão adotar estratégias de diversificação de fornecimento, além de pressionar por maior uso de materiais reciclados e políticas internacionais que garantam resiliência climática nas cadeias de valor.

Especialistas defendem a criação de reservas estratégicas de metais industriais e o fortalecimento da economia circular como medidas emergenciais. “Estamos diante de uma questão de segurança econômica global. A transformação digital depende de uma base material que precisa ser protegida contra os efeitos da crise ambiental”, afirmou Kate Donovan, pesquisadora da Universidade de Cambridge.

O estudo amplia o debate sobre os impactos econômicos indiretos das mudanças climáticas, que vão além da agricultura ou infraestrutura e atingem pontos vitais da economia digital contemporânea.

FONTE: itpro.com