A crescente adoção de agentes baseados em inteligência artificial está alterando profundamente o modo como os usuários acessam conteúdos na internet — e trazendo sérios desafios para os veículos de mídia digital, que já enfrentam queda acentuada nas receitas publicitárias.
De acordo com o boletim “AI Intelligencer”, publicado pela agência Reuters nesta quarta-feira (3), os usuários estão substituindo gradativamente a navegação tradicional por interações com assistentes de IA, como ChatGPT, Gemini e Copilot, o que reduz o tráfego direto aos sites de notícias e plataformas de conteúdo.
Esse novo comportamento compromete a principal fonte de financiamento do jornalismo digital: anúncios exibidos em páginas visitadas pelos leitores. Com menos acessos diretos, editores veem encolher sua audiência orgânica, especialmente em buscas e redes sociais — canais anteriormente dominantes.
Como resposta, alguns portais estão adotando o modelo “block or pay”, bloqueando o acesso de rastreadores de IA que usam seus dados gratuitamente, ou exigindo pagamento por licenciamento. A empresa de infraestrutura Cloudflare já oferece ferramentas para identificar e controlar o acesso de agentes automatizados.
“Se os sistemas de IA estão treinando com nosso conteúdo e respondendo ao usuário sem redirecioná-lo ao site original, perdemos tanto audiência quanto a monetização”, explicou Laura Breton, executiva da Associação Mundial de Editores de Notícias (WAN-IFRA).
O cenário pressiona o setor a repensar seu modelo de negócio, seja por meio de paywalls, assinaturas, parcerias com plataformas de IA ou a produção de conteúdo exclusivo para esses novos canais. Há também um movimento crescente de ações judiciais contra empresas de IA que usam dados jornalísticos sem autorização.
Especialistas alertam que, embora a IA abra novas oportunidades para automação e personalização de conteúdo, é essencial proteger o ecossistema da informação confiável, sobretudo em tempos de desinformação e eleições.
FONTE: reuters.com