A revolução tecnológica impulsionada pela inteligência artificial (IA) está transformando rapidamente o mercado de trabalho, mas especialistas alertam para um descompasso crescente entre as exigências do setor e a formação oferecida pelas universidades brasileiras.
Segundo painéis apresentados nesta quinta-feira (22), durante o evento Fórum Nacional de Inovação e Trabalho Digital, a lacuna entre teoria acadêmica e prática do setor tecnológico se ampliou nos últimos anos. Empresas que operam com soluções de IA e automação apontam dificuldades para encontrar profissionais capacitados em áreas como aprendizado de máquina, governança algorítmica, segurança cibernética e monitoramento de agentes autônomos.
“Enquanto o mercado busca especialistas capazes de lidar com modelos de IA generativa e integração de sistemas inteligentes, muitas instituições ainda priorizam grades curriculares desatualizadas, com foco em linguagens obsoletas e pouca ênfase em dados ou ética digital”, afirma Ana Luíza Rocha, pesquisadora da área de tecnologia e educação da UFMG.
A situação tem levado empresas a criar programas próprios de capacitação, muitas vezes em parceria com startups edtechs, aceleradoras e plataformas de ensino online. No entanto, o desafio da escala e da inclusão digital permanece, especialmente nas regiões mais afastadas dos grandes centros urbanos.
O governo federal, por meio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, anunciou que deve lançar nos próximos meses uma política nacional para atualização curricular de cursos técnicos e universitários, voltada à chamada “economia dos algoritmos”.
A iniciativa também prevê incentivos para mestrados e especializações com foco em IA aplicada a setores como saúde, agroindústria, segurança pública e educação. Especialistas concordam que o futuro do trabalho dependerá da capacidade do país em adaptar suas estruturas de ensino à nova realidade digital.
FONTES: Fórum Nacional de Inovação e Trabalho Digital, O Globo