Explosão de data centers no Brasil levanta alertas sobre consumo de água e energia

O Brasil vive uma corrida pela construção de data centers de grande porte, impulsionada pela demanda global por serviços em nuvem, inteligência artificial e armazenamento digital. De acordo com estimativas do setor, mais de 46 novos empreendimentos estão em fase de planejamento ou instalação em território brasileiro — colocando o país entre os destinos preferenciais para infraestrutura digital na América Latina.

Grandes corporações, como Amazon Web Services (AWS), Google Cloud, Microsoft e ByteDance (controladora do TikTok), já anunciaram investimentos bilionários em cidades como São Paulo, Campinas, Fortaleza e regiões do Centro-Oeste. A expansão também tem como atrativo o fato de que cerca de 90% da matriz elétrica brasileira é renovável, o que torna o país particularmente atrativo para empresas comprometidas com metas de sustentabilidade.

No entanto, essa expansão acelerada está acendendo alertas sobre os impactos socioambientais, especialmente no que diz respeito ao consumo intensivo de água e energia elétrica. Um único data center de grande porte pode consumir milhões de litros de água por dia para sistemas de refrigeração, o que, em regiões com escassez hídrica, como o semiárido e partes do Sudeste, pode agravar vulnerabilidades locais.

Reportagens recentes, como as do The Guardian, revelam que comunidades próximas a áreas industriais e urbanas já enfrentam disputa por recursos com essas instalações. Especialistas em urbanismo e sustentabilidade alertam para a falta de planejamento ambiental e transparência nos processos de licenciamento, o que pode colocar em risco a segurança hídrica de populações vulneráveis.

O governo federal e estados como São Paulo e Goiás têm buscado equilibrar o avanço do setor com normas ambientais mais rígidas e exigências de eficiência hídrica, como o uso de resfriamento por ar ou reaproveitamento de águas residuais. Ainda assim, entidades ambientais e movimentos sociais pedem maior participação popular nos processos decisórios e estudos de impacto mais amplos.

Com a crescente demanda global por inteligência artificial e computação em nuvem, a tendência é que o número de data centers continue aumentando. O desafio, segundo especialistas, será conciliar inovação digital com justiça ambiental e gestão responsável dos recursos naturais.

FONTE: agenciabrasil.ebc.com.br