Especialistas alertam para limites da tecnologia no combate às mudanças climáticas

Um crescente grupo de cientistas e economistas está chamando a atenção para os riscos de apostar exclusivamente em inovações tecnológicas como solução para a crise climática. Em artigo publicado nesta segunda-feira (16) no Financial Times, o pesquisador Lex Rieffel afirma que a expectativa de que a inteligência artificial e outras tecnologias emergentes resolvam os problemas ambientais globais pode ser um “deus ex machina ilusório”.

A crítica surge em meio ao entusiasmo de empresas e governos que promovem soluções de alta tecnologia — como captura de carbono, redes inteligentes e algoritmos preditivos — como peças-chave para atingir as metas de descarbonização. No entanto, segundo Rieffel e outros especialistas, essa confiança excessiva na inovação pode adiar ações fundamentais e urgentes, como a redução efetiva do consumo de energia e mudanças no padrão de produção.

O autor argumenta que muitos modelos baseados em IA ainda demandam grande quantidade de energia e recursos naturais, especialmente para treinar sistemas em larga escala. Isso gera contradições: tecnologias que prometem salvar o planeta podem, por outro lado, agravar o impacto ambiental se não forem acompanhadas por políticas sustentáveis.

A carta publicada pelo FT ecoa uma preocupação crescente em fóruns internacionais, onde se discute a necessidade de combinar inovação com ações concretas de justiça climática, eficiência energética e reestruturação econômica. Para esses especialistas, a prioridade deve ser garantir o bem-estar básico da população e o equilíbrio ambiental, com foco em soluções de baixo custo e alto impacto social.

Rieffel conclui que a tecnologia tem papel importante, mas não substitui a responsabilidade política e coletiva. “Precisamos parar de esperar que uma nova invenção resolva tudo e começar a mudar o modo como vivemos e consumimos”, defende.

FONTE: ft.com