Em um movimento estratégico para reduzir sua dependência de empresas tecnológicas norte-americanas, a União Europeia lançou nesta segunda-feira (21) um ambicioso plano para fortalecer sua soberania digital e tecnológica. Sob a liderança da comissária de Indústria Digital, Henna Virkkunen, o bloco europeu está investindo em políticas que priorizam o desenvolvimento interno de tecnologias-chave, como inteligência artificial, semicondutores e computação quântica.
O pacote de medidas inclui o “Buy European Act”, que propõe prioridade de contratação pública para fornecedores e plataformas tecnológicas europeias, além do lançamento do fundo EuroStack, estimado em €300 bilhões, voltado ao financiamento de startups, pesquisas estratégicas e produção local de componentes críticos.
“A Europa precisa de autonomia em inovação para garantir segurança digital, empregos qualificados e um modelo de desenvolvimento tecnológico que reflita nossos valores democráticos”, afirmou Virkkunen durante entrevista coletiva em Bruxelas.
A iniciativa surge em resposta direta à hegemonia de empresas como Google, Amazon, Meta e Microsoft, que detêm controle significativo sobre infraestrutura digital e serviços essenciais utilizados por governos e empresas do continente.
Apesar do otimismo institucional, especialistas alertam que a União Europeia enfrentará desafios de escala, capital e coordenação política. Fragmentação de esforços entre os países membros, além da burocracia regulatória, são apontados como entraves à competitividade em relação ao ecossistema altamente integrado do Vale do Silício e ao modelo estatal da China.
Mesmo assim, a proposta é vista como um marco na tentativa europeia de construir um modelo tecnológico soberano e resiliente, que possa rivalizar com os polos tradicionais de inovação e garantir maior controle sobre dados, algoritmos e infraestrutura estratégica.
FONTE: theverg.com