O avanço da inteligência artificial generativa entrou em uma nova fase nesta semana, com o lançamento de dois poderosos sistemas capazes de criar vídeos hiper-realistas a partir de comandos de texto. As plataformas, batizadas de Sora, da OpenAI, e Vibes, da Meta (controladora do Facebook e Instagram), prometem transformar a produção audiovisual — mas também reacendem discussões globais sobre segurança digital, regulação e manipulação de conteúdo.
O Sora, apresentado pela OpenAI, se destaca por sua flexibilidade criativa e por permitir a geração de vídeos de alta qualidade com mínima interferência de moderaçãoa automatizada. Usuários podem criar cenas inteiras, com personagens realistas, vozes geradas por IA e ambientes tridimensionais coerentes — tudo a partir de descrições em linguagem natural.
Já o Vibes, da Meta, é mais restritivo e inclui camadas robustas de filtros de segurança, incluindo detecção de deepfakes, marca d’água invisível e limites de uso para temas sensíveis como violência, política e rostos de pessoas públicas.
“O potencial criativo é imenso, mas sabemos que o risco de abuso também cresce na mesma proporção”, declarou Sam Altman, CEO da OpenAI, ao apresentar o Sora durante evento em Palo Alto.
Organizações de direitos digitais e especialistas em desinformação manifestaram preocupação. A facilidade de criar vídeos hiper-realistas pode acelerar a disseminação de conteúdo enganoso, manipulação política e crimes digitais, especialmente em países com pouca regulação digital.
“Estamos entrando na era do vídeo deepfake para as massas. Se não houver regulação global urgente, veremos uma explosão de desinformação visual com impactos graves para eleições, reputações e segurança”, alerta Dana Scott, pesquisadora do Digital Ethics Lab da Universidade de Oxford.
Em resposta, parlamentares na União Europeia e nos EUA anunciaram que pretendem propor regras específicas para o uso de IA generativa em conteúdo audiovisual, com exigências de transparência, rotulagem obrigatória e rastreabilidade algorítmica.
A nova corrida entre Big Techs pela liderança em IA de vídeo lembra o embate entre os primeiros buscadores e redes sociais. Especialistas preveem que, assim como na explosão dos aplicativos de imagem, o uso dessas ferramentas vai rapidamente migrar para o consumo popular, marketing, educação e até cinema independente.
FONTE: theguardian.com