
O avanço acelerado da inteligência artificial (IA), especialmente em modelos generativos e soluções corporativas, tem provocado uma corrida global por capacidade computacional — e com ela, um novo desafio técnico: o superaquecimento e o alto consumo energético dos centros de dados (data centers).
De acordo com um levantamento recente da International Data Corporation (IDC), o aumento da demanda por processamento intensivo elevou em mais de 30% o consumo médio de energia elétrica dos data centers nos últimos 12 meses. O crescimento é puxado principalmente por empresas que treinam modelos de linguagem e visão computacional, como GPTs, além de sistemas de IA aplicados à indústria, medicina e finanças.
Com isso, operadoras de infraestrutura digital enfrentam gargalos em refrigeração e eficiência. Muitos centros de dados — especialmente os construídos antes de 2020 — não estavam preparados para a intensidade térmica gerada por hardwares de última geração, como GPUs de alta performance.
“Estamos vendo situações em que servidores precisam ser desligados por segurança térmica, mesmo com ar-condicionado operando ao máximo”, relata Eliza Mann, engenheira-chefe de um provedor de nuvem na Califórnia. “A IA trouxe uma nova escala de exigência para toda a cadeia de infraestrutura.”
Para contornar o problema, empresas vêm investindo em soluções avançadas de resfriamento líquido, reuso de calor e inteligência térmica baseada em sensores. Em paralelo, cresce a pressão por data centers sustentáveis, abastecidos por energia limpa e com selos ambientais.
A situação acendeu também alertas regulatórios. Na União Europeia e nos Estados Unidos, há discussões em curso sobre a regulação do consumo energético da computação intensiva, especialmente em tempos de transição climática.
Analistas afirmam que, embora a IA continue sendo o motor de inovação global, o setor de tecnologia terá que lidar com um paradoxo: como expandir a inteligência artificial sem comprometer os limites energéticos e ambientais do planeta.
FONTE: reuters.com