
A crescente demanda por processadores de alto desempenho, impulsionada pela corrida global no setor de inteligência artificial, provocou um novo colapso nas cadeias de suprimentos de semicondutores, reacendendo a crise mundial de chips e pressionando fabricantes em diversos continentes.
Gigantes da tecnologia, como Nvidia, AMD e TSMC, enfrentam gargalos críticos para atender à explosão de pedidos vindos de empresas que operam data centers, desenvolvem modelos de IA generativa ou alimentam plataformas de nuvem. Segundo análise da Reuters, a oferta global de chips avançados (como GPUs e ASICs) está abaixo da metade da demanda atual, especialmente para arquiteturas otimizadas para machine learning.
“Estamos diante de um desequilíbrio sistêmico. O ciclo de inovação da IA acelera mais rápido do que a capacidade de expansão das fábricas”, afirma o analista de mercado Kevin Huang, da TechInsights Ásia.
A crise, que lembra o apagão de chips observado durante a pandemia de 2020–2021, agora é agravada por fatores como concentração da produção em poucos países (Taiwan, Coreia do Sul, EUA), tensões geopolíticas e dificuldade de ampliar rapidamente a capacidade fabril diante da complexidade tecnológica envolvida.
Empresas de médio porte, startups de IA e até fabricantes de dispositivos de consumo — como notebooks, smartphones e smart TVs — já relatam atrasos de até cinco meses para receber componentes essenciais. O impacto afeta também setores estratégicos como veículos elétricos, robótica industrial e infraestrutura de telecomunicações.
Além disso, a escassez de chips contribuiu para a elevação dos preços globais de memória RAM, placas gráficas e servidores de IA, o que encarece o acesso à tecnologia e pode desacelerar projetos de transformação digital, especialmente em países em desenvolvimento.
Governos e blocos econômicos, como os Estados Unidos, a União Europeia e o Japão, anunciaram programas bilionários para incentivar a produção doméstica de semicondutores, mas os efeitos devem ser sentidos apenas a médio e longo prazo.
Enquanto isso, especialistas alertam que o mercado de tecnologia precisará rever prioridades de consumo e estratégias de alocação de chips, priorizando setores com maior impacto econômico e social — como saúde, educação e segurança digital.
FONTE: reuters.com