
O avanço acelerado da inteligência artificial no cenário global está desencadeando uma nova crise na cadeia de suprimentos de chips, provocando escassez de componentes, aumento expressivo nos preços e preocupação entre gigantes da tecnologia.
Segundo reportagem da Reuters, a explosão da demanda por chips de alta performance, especialmente os utilizados em data centers e modelos de IA generativa, tem superado a capacidade de produção das principais fabricantes mundiais. A situação remete aos gargalos logísticos da pandemia de Covid-19, mas agora com um perfil mais concentrado nos semicondutores usados em aplicações avançadas de IA.
Fabricantes como Nvidia, AMD e TSMC enfrentam filas de encomendas que ultrapassam seis meses, ao passo que empresas como Microsoft, Google, Meta e Amazon competem ferozmente por estoques limitados — elevando os preços dos chips em até 70% em alguns segmentos, de acordo com analistas do setor.
“A corrida por IA se tornou uma corrida por chips. E estamos chegando ao limite da capacidade global de fornecimento”, afirmou Richard Gordon, especialista da consultoria TechMarketView.
Além das big techs, startups, universidades e empresas de médio porte também relatam dificuldades para adquirir placas gráficas, unidades de processamento neural e servidores otimizados para IA. Isso pode afetar diretamente o ritmo de lançamentos de novos produtos, treinamento de modelos e até a disponibilidade de serviços em nuvem.
A crise já impacta o mercado brasileiro, com reflexos no custo de equipamentos e nos prazos de entrega. Especialistas alertam que a escassez pode comprometer projetos educacionais, de pesquisa e inovação que dependem de infraestrutura tecnológica avançada.
Para mitigar o problema, fabricantes estudam novas plantas industriais em países estratégicos, e governos, como os dos EUA e União Europeia, estão acelerando pacotes de incentivo à indústria de semicondutores — o que inclui subsídios bilionários e parcerias público-privadas.
Ainda assim, a expectativa é de que a normalização do setor não ocorra antes do final de 2026, tornando esta uma das crises mais desafiadoras para o avanço sustentável da tecnologia global.
FONTE: reuters.com