China propõe criação de organização internacional para governança da inteligência artificial no World AI Conference

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Durante a abertura da World Artificial Intelligence Conference (WAIC), realizada em Xangai neste fim de semana, a China propôs oficialmente a criação de uma organização internacional dedicada à governança global da inteligência artificial (IA). A proposta, apresentada pelo primeiro-ministro chinês Li Qiang, busca estabelecer um modelo de cooperação tecnológica com foco no desenvolvimento inclusivo, seguro e responsável da IA, especialmente entre países do chamado Sul Global.

A iniciativa surge em meio à crescente disputa geopolítica pelo domínio da IA, e pretende contrabalançar a influência de fóruns liderados por potências ocidentais, como o G7 AI Code of Conduct e as diretrizes da OECD. A proposta chinesa sugere que a nova entidade funcione sob os princípios de pluralidade, multilateralismo e acesso equitativo a tecnologias emergentes, além de estabelecer padrões éticos e técnicos universais.

“Precisamos de uma governança global mais representativa, que promova o intercâmbio tecnológico, proteja a soberania digital e evite monopólios de conhecimento”, afirmou Li em discurso transmitido internacionalmente.

A proposta chinesa inclui ainda a criação de centros regionais de pesquisa em IA, bolsas de intercâmbio científico para países em desenvolvimento e um fundo de financiamento voltado à capacitação de jovens talentos em tecnologias emergentes. O projeto prevê parceria com universidades e empresas de países asiáticos, africanos e latino-americanos.

Reações internacionais foram mistas. Enquanto países em desenvolvimento elogiaram a proposta como um esforço de democratização tecnológica, analistas do Ocidente levantaram preocupações sobre os critérios de transparência, liberdade digital e uso ético das tecnologias por regimes autoritários.

Especialistas veem a proposta como uma tentativa de reposicionar a China como líder normativa global em IA, num momento em que o uso da tecnologia acelera em áreas críticas como segurança, economia, educação e diplomacia. “É o movimento mais ambicioso de soft power digital já articulado pela China”, avalia Kevin Xu, analista de relações internacionais da Georgetown University.

O debate sobre a governança da IA promete ganhar novos capítulos até o final de 2025, com a realização de conferências paralelas da ONU e do G20. A proposta chinesa, por ora, lança luz sobre um tema urgente: quem decide o futuro da inteligência artificial no mundo?

FONTE: reuters.com

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