Em meio às crescentes tensões comerciais e restrições de acesso a semicondutores avançados impostas pelos Estados Unidos, a China vem intensificando a adoção de inteligência artificial (IA) em sua administração pública e setores estratégicos, como saúde, segurança, infraestrutura e justiça. A medida visa reduzir a dependência tecnológica de fornecedores estrangeiros e consolidar o país como potência global em soluções digitais autônomas.
Durante o Conselho Internacional de Inteligência Artificial, realizado esta semana em Shanghai, autoridades chinesas anunciaram um plano de 13 diretrizes para ampliar o uso da IA em serviços governamentais, além de propor normas globais para cooperação, ética e regulação da tecnologia. A proposta inclui o fortalecimento de sistemas locais de IA generativa e o desenvolvimento de hardwares próprios adaptados ao ambiente de sanções.
“O objetivo é tornar a IA uma engrenagem estruturante da governança pública, capaz de oferecer serviços mais eficientes, transparentes e personalizados à população”, afirmou Wang Zhigang, ministro da Ciência e Tecnologia da China.
Analistas apontam que a estratégia chinesa está diretamente relacionada às restrições impostas por Washington sobre a exportação de chips de última geração, softwares de design e plataformas de treinamento de IA. Em resposta, Pequim tem direcionado bilhões de dólares em subsídios e parcerias público-privadas para acelerar a autonomia tecnológica.
No setor de saúde, por exemplo, sistemas de IA já auxiliam no diagnóstico precoce de doenças e na gestão hospitalar. No campo da segurança pública, tecnologias de reconhecimento facial e análise preditiva vêm sendo aplicadas em larga escala em áreas urbanas. Há também avanços significativos no uso de algoritmos para otimização de transportes e gerenciamento ambiental.
A iniciativa chinesa, porém, gera preocupações em fóruns internacionais sobre uso ético da tecnologia, privacidade de dados e riscos de vigilância em larga escala. Os Estados Unidos e a União Europeia já solicitaram reuniões bilaterais para discutir os limites e padrões de interoperabilidade em IA pública.
FONTE: .washingtonpost.com