Um levantamento do Reuters Institute for the Study of Journalism, divulgado nesta segunda-feira (28), revela que o Brasil é o país que mais utiliza chatbots baseados em inteligência artificial para consumo de notícias em toda a América Latina. De acordo com o relatório, 9% dos brasileiros entrevistados afirmaram acessar semanalmente conteúdos jornalísticos por meio de agentes conversacionais, como o ChatGPT, Gemini ou similares — um índice acima da média global, que é de 4%, e superior ao de países como Alemanha (3%), Japão (2%) e México (6%).
A pesquisa, conduzida em parceria com a Universidade de Oxford, destaca uma mudança significativa nos hábitos de consumo de informação, especialmente entre jovens de 18 a 34 anos, que buscam resumos personalizados, traduções automáticas e recomendações rápidas por meio dessas ferramentas.
Segundo o estudo, os usuários brasileiros demonstram maior confiança e familiaridade com tecnologias de IA, fruto do ambiente digital altamente conectado do país e da popularização de assistentes inteligentes em plataformas como WhatsApp, Google e Instagram.
No entanto, o relatório também chama atenção para riscos crescentes relacionados à desinformação automatizada. Ferramentas de IA, apesar de ágeis, ainda podem reproduzir erros factuais, omitir contexto ou priorizar conteúdos de viés questionável, caso operem sem curadoria editorial.
“O desafio agora é integrar essas tecnologias de forma ética, garantindo que elas complementem — e não substituam — o trabalho do jornalismo profissional”, afirma Mariana Cunha, pesquisadora do grupo de Mídia e Sociedade da FGV.
Organizações de mídia no Brasil já começam a reagir ao fenômeno, com o desenvolvimento de robôs de notícias próprios, parcerias com startups de IA e programas de educação midiática voltados ao público jovem.
FONTE: contabeis.com.br