Sob o impacto de recentes ataques cibernéticos a sistemas de navegação aérea e em meio a crescentes tensões geopolíticas internacionais, a Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO) deu início nesta semana à sua Assembleia Trienal, reunindo representantes de mais de 190 países e entidades reguladoras em Montreal, sede da entidade ligada às Nações Unidas.
O evento, que ocorre até o início de outubro, tem como foco principal a modernização dos protocolos de segurança digital no setor aéreo, em um momento em que aeroportos, companhias aéreas e sistemas de tráfego enfrentam um número crescente de ameaças cibernéticas. Nos últimos 12 meses, pelo menos 18 países relataram tentativas de invasão ou interrupção em sistemas críticos de controle aéreo, inclusive em hubs estratégicos da América do Norte e Europa.
Além da questão da cibersegurança, a assembleia discute o risco de fragmentação de acordos internacionais diante de conflitos como a guerra na Ucrânia e as tensões comerciais entre Estados Unidos e China, que têm impactado a fluidez das rotas aéreas e a cooperação técnica entre blocos econômicos.
“Estamos diante de um novo paradigma. A segurança da aviação não se limita mais ao espaço físico; ela depende de redes digitais resilientes, cooperação internacional e adaptação a novos riscos geopolíticos”, afirmou o presidente do Conselho da ICAO, Salvatore Sciacchitano.
A delegação brasileira, liderada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), participa dos debates com propostas para o fortalecimento da infraestrutura digital dos aeroportos sul-americanos, além de compartilhar experiências em resposta rápida a incidentes cibernéticos.
Especialistas alertam que a crescente digitalização do setor – com uso intensivo de big data, inteligência artificial e redes automatizadas – exige uma governança global sólida, que equilibre inovação com segurança e transparência.
FONTE: reuters.com