A euforia em torno da inteligência artificial (IA) levou o setor de tecnologia a representar 34% do índice S&P 500, o nível mais alto desde a bolha das empresas “.com” no início dos anos 2000. O dado, divulgado nesta terça-feira por analistas do mercado financeiro, acende o sinal de alerta entre investidores que temem uma correção abrupta caso as expectativas não se confirmem.
Empresas como Nvidia, Apple, Microsoft e Alphabet puxam a valorização do índice, com crescimentos acima de 40% no acumulado do ano. O movimento é impulsionado pela corrida global por soluções de IA, que atrai trilhões de dólares em investimentos e movimenta fusões bilionárias no setor.
Contudo, analistas alertam que a alta concentração e o ritmo de valorização podem estar superando os fundamentos financeiros. “O entusiasmo em torno da IA é justificado, mas há sinais claros de excesso. O mercado começa a se comportar mais com base em expectativas do que em resultados consistentes”, afirmou Mark Douglas, estrategista-chefe do Bank of America.
O histórico assombra. Em 2000, a bolha das “.com” estourou após forte especulação em ações de tecnologia, levando a perdas bilionárias e à quebra de diversas empresas. Hoje, embora as gigantes tenham fundamentos sólidos, o nível de otimismo se aproxima de padrões anteriores ao colapso.
“O que difere agora é a solidez das big techs e a presença real da IA em modelos de negócio lucrativos”, pondera Amy Liu, economista da Nasdaq. “Mas isso não elimina o risco de uma correção, especialmente se o cenário macroeconômico — como inflação e juros — mudar repentinamente.”
A discussão sobre uma possível bolha deve pautar os próximos relatórios de risco das maiores gestoras de ativos, ao mesmo tempo em que pressiona o Federal Reserve a manter cautela em suas decisões monetárias.
FONTE: reuters.com