
Um levantamento nacional divulgado nesta semana revelou um dado alarmante sobre a realidade enfrentada pelos educadores brasileiros: nove em cada dez professores relatam já ter sofrido violência, censura ou intimidação em seu ambiente de trabalho. O estudo, realizado por instituições acadêmicas e sindicatos da categoria, abrange educadores da educação básica ao ensino superior, em redes públicas e privadas de todo o país.
Os casos relatados vão desde agressões verbais por parte de alunos, familiares e até gestores, até episódios de censura de conteúdo, perseguições por opiniões pedagógicas e transferências forçadas. Há também relatos de ameaças virtuais e tentativas de cerceamento ideológico, especialmente em temas considerados sensíveis, como política, gênero e direitos humanos.
“Vivemos um clima de medo constante. Já fui ameaçada por um pai por abordar temas da Constituição em sala”, disse uma professora de História da rede estadual do Rio de Janeiro, sob anonimato. Situações semelhantes foram registradas em todas as regiões do país.
Segundo os pesquisadores, a violência simbólica e física contra docentes está diretamente ligada à desvalorização social da profissão, ao desgaste emocional e à crescente polarização ideológica dentro e fora das escolas. A falta de políticas de proteção e apoio psicológico também agrava o cenário.
“Estamos diante de uma crise silenciosa na educação. A liberdade de ensinar está sendo comprometida, o que prejudica a formação crítica dos alunos e enfraquece a democracia”, alerta a educadora e pesquisadora da UFRGS, Camila Passos, coautora do estudo.
Entidades como a CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) e a ANPEd (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação) defendem a criação urgente de protocolos de proteção ao docente, investimento em formação continuada e valorização salarial como medidas estruturantes para reverter o quadro.
O Ministério da Educação ainda não se manifestou oficialmente sobre os dados, mas integrantes do governo afirmam que o tema será incluído nas discussões da nova Política Nacional de Valorização Docente prevista para 2026.
O levantamento escancara um problema que vai além dos muros escolares: a necessidade urgente de reconstruir o respeito à figura do professor como agente de transformação social, e garantir que o espaço da escola continue sendo um ambiente de pluralidade, segurança e liberdade pedagógica.
FONTE: agenciabrasil.ebc