
Apesar de avanços registrados na última década, um levantamento recente mostra que a desigualdade educacional no Brasil continua marcada por recortes de renda e cor/etnia. A taxa de conclusão do Ensino Médio cresceu de 54% em 2015 para 74% em 2025, mas um em cada quatro jovens brasileiros ainda não conclui essa etapa da educação básica.
O estudo, publicado por instituições ligadas ao monitoramento educacional e inclusão social, revela que jovens negros e de famílias com baixa renda têm chances significativamente menores de concluir o Ensino Médio na idade esperada. Entre os 25% mais pobres, apenas 60% finalizam os estudos até os 19 anos. Já entre os mais ricos, esse percentual ultrapassa os 90%.
Desigualdade estrutural persiste
Segundo os autores do estudo, o Brasil conseguiu ampliar o acesso à escola, mas ainda falha em garantir permanência e sucesso escolar de forma equitativa. Fatores como evasão escolar por necessidade de trabalho, ausência de políticas de acolhimento e dificuldades de aprendizagem estão entre os principais obstáculos para os jovens mais vulneráveis.
“É um avanço importante, mas que precisa ser relativizado: a cor da pele e o CEP do aluno ainda determinam seu futuro educacional no Brasil”, afirma Ana Luiza Teixeira, pesquisadora da área de educação e políticas públicas.
Repercussões no ensino médio e na formulação de políticas públicas
O cenário também gera preocupações no contexto da nova política educacional nacional. A recente sanção do Sistema Nacional de Educação (SNE), que busca integrar as ações da União, estados e municípios, será um teste para enfrentar essas desigualdades. O sucesso do SNE dependerá da priorização de programas focados na equidade, como reforço escolar, apoio psicossocial e bolsas permanência.
Reflexos para o Paraná e outras regiões
Em estados como o Paraná, que possuem desempenho acima da média nacional, os dados nacionais ainda alertam para bolsões de vulnerabilidade, sobretudo em regiões periféricas e cidades do interior. Municípios do Vale do Ivaí, por exemplo, podem enfrentar desafios semelhantes, com jovens que precisam abandonar a escola para trabalhar ou que enfrentam trajetos longos e falta de infraestrutura.
O estudo reafirma que garantir acesso não é suficiente: é preciso assegurar condições de permanência e aprendizagem com qualidade, principalmente para os estudantes que mais precisam do sistema público de ensino.
FONTE: consumidormoderno.com.br