Mudanças Climáticas Ameaçam Calendário Escolar em Regiões Vulneráveis do Brasil

O avanço das mudanças climáticas começa a impactar diretamente o calendário letivo em diversas regiões do Brasil. É o que revela um levantamento divulgado nesta semana pelo Instituto ClimaInfo e pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, que analisou os efeitos de desastres naturais sobre a rotina escolar brasileira.

De acordo com o estudo, mais de 5 milhões de alunos vivem em áreas de baixa resiliência a enchentes, com maior concentração nas regiões Sul e Sudeste, enquanto cerca de 1 milhão está exposto a secas severas, especialmente no Nordeste. Essas condições têm levado ao fechamento temporário de escolas, suspensão de aulas presenciais e atrasos na aprendizagem, principalmente entre os meses de julho e novembro.

O relatório destaca que eventos climáticos extremos — como enchentes, deslizamentos de terra e estiagens prolongadas — estão se tornando mais frequentes e severos, afetando não apenas a infraestrutura das escolas, mas também a saúde, o transporte e a alimentação dos alunos.

Em resposta a esse cenário, especialistas propõem a criação de planos de “resiliência pedagógica”, que incluem a adaptação do calendário escolar, a oferta de ensino remoto emergencial, a formação de professores para situações de crise e o reforço de redes de apoio psicossocial.

Segundo a diretora da Fundação Maria Cecilia, Mariana Luz, o tema precisa ganhar espaço nas políticas públicas de educação. “Não se trata apenas de prevenir prejuízos acadêmicos, mas de proteger o direito à educação diante de um cenário climático cada vez mais hostil”, afirmou.

O estudo também recomenda que os governos locais invistam em infraestrutura escolar resistente, sistemas de alerta precoce e ações conjuntas entre as secretarias de educação, meio ambiente e defesa civil. A proposta é antecipar riscos e garantir a continuidade da aprendizagem mesmo em contextos de calamidade.

A pesquisa integra um esforço maior para inserir o debate climático na pauta educacional, incluindo o currículo escolar e a formação de alunos mais conscientes e preparados para os desafios ambientais do século XXI.

FONTE: uol.com