Um levantamento divulgado nesta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que a presença de jovens oriundos de escolas públicas nas universidades brasileiras tem crescido nos últimos anos. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) e indicam um avanço tímido, porém constante, na democratização do acesso ao ensino superior no país.
Segundo o estudo, a proporção de estudantes entre 18 e 24 anos frequentando o ensino superior chegou a 38,5% em 2023. Entre os jovens pretos e pardos, esse percentual alcançou 35,4%, evidenciando um crescimento nas matrículas dessa parcela da população, tradicionalmente excluída do ambiente universitário. Apesar da melhora, o índice ainda está abaixo da meta de 50% estabelecida pelo Plano Nacional de Educação (PNE), que previa o alcance desse patamar até 2024.
Especialistas atribuem o aumento ao impacto de políticas de ações afirmativas, como o sistema de cotas e programas de inclusão social no ensino superior, além do fortalecimento de instituições públicas em todo o país. Universidades federais e estaduais ampliaram o número de vagas, especialmente via o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e programas como o Prouni e o Fies.
Ainda assim, o desafio permanece significativo. O levantamento mostra que a desigualdade socioeconômica segue sendo uma barreira para o acesso ao ensino superior, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, onde a presença de jovens de baixa renda nas universidades é menor.
O Ministério da Educação reconheceu os avanços, mas destacou que será necessário manter e expandir os programas de acesso, além de melhorar a permanência dos estudantes na universidade — por meio de bolsas, assistência estudantil e políticas de apoio acadêmico.
O cenário aponta para a necessidade de continuidade e fortalecimento de políticas públicas que garantam não apenas o ingresso, mas também a conclusão dos cursos superiores pelos estudantes mais vulneráveis.
FONTE: folha.uol