Anuário da Educação Básica expõe desigualdades estruturais nas escolas públicas brasileiras

A 12ª edição do Anuário Brasileiro da Educação Básica, divulgada nesta semana, revela um cenário preocupante de desigualdade na infraestrutura das escolas públicas do país. O levantamento, elaborado pelas organizações Todos Pela Educação e Instituto Itaú Social, mostra que embora o Brasil tenha ampliado a cobertura educacional nas últimas décadas, ainda enfrenta graves lacunas em condições básicas de funcionamento nas unidades escolares.

De acordo com o documento, menos da metade das escolas públicas brasileiras está conectada à rede pública de esgoto. Cerca de 20% sequer têm acesso regular à coleta de lixo. Além disso, apenas 39,5% das salas de aula contam com algum tipo de climatização, fator que impacta diretamente o conforto térmico e a concentração dos estudantes.

A conectividade para fins pedagógicos também aparece como um desafio. Apenas 44% das escolas possuem internet em qualidade e velocidade compatíveis com atividades educacionais. Em um contexto de crescente digitalização do ensino, essa limitação compromete o uso de tecnologias em sala de aula e a preparação dos alunos para as demandas do século XXI.

O anuário alerta que os problemas são ainda mais acentuados nas regiões Norte e Nordeste, onde a precariedade estrutural é combinada com baixos indicadores de aprendizagem. A análise dos dados sugere que a ausência de infraestrutura adequada se reflete no desempenho educacional, na evasão escolar e na dificuldade de permanência dos alunos na escola.

Os autores do relatório defendem que investimentos em infraestrutura devem caminhar lado a lado com políticas pedagógicas e de formação docente, sob uma estratégia nacional de equidade educacional. O estudo também recomenda maior transparência nos dados públicos e planejamento contínuo entre os entes federativos.

A publicação do anuário reacende o debate sobre o papel do novo Sistema Nacional de Educação (SNE), atualmente em tramitação no Senado, como ferramenta de articulação e financiamento coordenado entre União, estados e municípios.

FONTE: futura.frm.org.br