Zona do Euro cresce abaixo do esperado, mas surpreende com superávit comercial recorde

A economia da zona do euro registrou crescimento modesto de 0,2% no terceiro trimestre de 2025, em comparação com os três meses anteriores, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (14) pela agência europeia de estatísticas, Eurostat. Na comparação anual, a alta foi de 1,4%, refletindo uma recuperação tímida, mas constante, em meio a um cenário global de desaceleração.

Apesar do ritmo ainda fraco de expansão — com economias-chave como Alemanha e França apresentando estagnação —, o bloco europeu surpreendeu positivamente no comércio exterior. O superávit comercial da zona do euro saltou de €1,9 bilhão em agosto para expressivos €19,4 bilhões em setembro, impulsionado principalmente pelas exportações para os Estados Unidos.

Segundo analistas, o salto nas vendas externas foi puxado por setores como maquinário, produtos farmacêuticos e veículos de alta tecnologia, em um contexto de valorização do dólar e aumento da demanda norte-americana por bens industriais europeus.

Estagnação doméstica x força externa
Enquanto o comércio internacional dá sinais de vigor, a demanda interna segue fragilizada. O consumo das famílias e o investimento empresarial permanecem contidos, refletindo os efeitos prolongados da política monetária restritiva adotada pelo Banco Central Europeu (BCE), que manteve os juros elevados para conter a inflação.

O desafio, segundo especialistas, é equilibrar a estratégia de contenção inflacionária com a necessidade de estímulo ao crescimento. Economias como a da Itália e da Espanha conseguiram resultados ligeiramente melhores, enquanto outras — como a Alemanha — ainda enfrentam dificuldades com produtividade e custos energéticos.

Impacto global e atenção do Brasil
O desempenho da zona do euro tem implicações diretas para países exportadores como o Brasil. A União Europeia é um dos principais destinos das exportações brasileiras de produtos agrícolas, minerais e industriais. Um superávit comercial robusto por parte dos europeus pode indicar espaço para aumento da demanda, desde que a atividade interna não recue.

Se o atual impulso das exportações europeias se mantiver, pode abrir oportunidades para países parceiros com acordos comerciais em andamento, como o Brasil no contexto do Mercosul-União Europeia.

FONTE: reuters.com