A decisão do governo dos Estados Unidos de impor tarifas de até 50% sobre uma série de produtos brasileiros, incluindo café, suco de laranja, alumínio e cobre, provocou forte reação no setor exportador e elevou a tensão no comércio bilateral entre os dois países.
Anunciadas há dois meses como parte de uma nova política econômica da gestão do presidente Donald Trump, as tarifas começam a valer em agosto de 2025 e podem representar perdas bilionárias para o agronegócio e a indústria brasileira. Dados preliminares do Ministério da Indústria e Comércio apontam que os produtos afetados respondem por mais de US$ 8 bilhões em exportações anuais ao mercado norte-americano.
Até o momento, o Brasil ainda não obteve resposta formal dos EUA à proposta de flexibilização apresentada pelo Itamaraty em maio. Em declarações recentes, o vice-presidente Geraldo Alckmin reforçou a disposição do governo brasileiro em buscar solução diplomática, mas admitiu que o país pode adotar medidas recíprocas, com base na nova Lei de Retaliações Comerciais sancionada na última semana.
O agronegócio já sente os reflexos da instabilidade. Produtores de café e suco de laranja, especialmente nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná, alertam para possíveis prejuízos e perda de mercado para concorrentes como Vietnã e Colômbia. Já setores da indústria, como o de metais não ferrosos, estudam redirecionar exportações para mercados alternativos na Ásia e Europa.
Analistas internacionais veem as tarifas como parte de uma estratégia de pressão comercial dos EUA sobre países emergentes. “O Brasil está sendo testado em sua capacidade de articulação diplomática e defesa de seus interesses estratégicos”, afirma o economista e ex-chanceler Rubens Barbosa.
O governo federal sinalizou que deve intensificar o diálogo com parceiros do Mercosul e da União Europeia para minimizar impactos e buscar compensações. Enquanto isso, a tensão comercial com os EUA segue como um dos principais riscos externos à economia brasileira no segundo semestre.
FONTE: reuters.com