O aumento de tarifas sobre produtos brasileiros anunciado pelo governo dos Estados Unidos colocou o setor industrial nacional em estado de alerta. A medida, que entra em vigor em 1º de agosto, impõe alíquotas de até 50% sobre uma série de produtos brasileiros, incluindo aço, alumínio, celulose e alimentos processados.
A decisão, segundo o Departamento de Comércio dos EUA, visa conter práticas que Washington considera “desequilibradas” no comércio internacional, mas foi duramente criticada por representantes do setor produtivo brasileiro. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima uma perda imediata de R$ 52 bilhões nas exportações, enquanto a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) alerta para um possível recuo de 1,49% no PIB nacional, com risco de fechamento de até 1,3 milhão de empregos caso as tarifas se prolonguem.
O governo brasileiro, por sua vez, articula junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) uma contestação formal e busca, por meio do Itamaraty, reabrir o diálogo diplomático com Washington. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou as tarifas como “um gesto hostil contra o esforço produtivo brasileiro” e defendeu “respostas firmes, mas diplomáticas”.
As tarifas atingem especialmente as exportações do setor metalúrgico e agrícola, pilares da balança comercial brasileira com os EUA. Juntas, essas cadeias representam cerca de 17% das exportações totais para o mercado norte-americano.
Economistas ouvidos por veículos especializados destacam que o Brasil precisa reagir com estratégia, buscando diversificar mercados, fortalecer relações com a União Europeia e Ásia, e acelerar a internalização de cadeias produtivas. “É um teste de resiliência e um sinal de que a dependência de poucos mercados torna o país vulnerável”, afirmou a economista-chefe da MB Associados, Juliana Damasceno.
O episódio reacende o debate sobre a necessidade de uma política industrial sólida, voltada à competitividade e à inovação. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) informou que anunciará, nas próximas semanas, um plano emergencial de apoio às empresas exportadoras afetadas.
Com impactos diretos sobre o câmbio, o emprego e o planejamento das empresas, o “tarifaço” norte-americano impõe um novo desafio à já complexa conjuntura econômica brasileira em 2025.
FONTE: noticias.uol.com