O agronegócio do Paraná está em estado de alerta após o anúncio de novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. A medida, que eleva em até 50% as taxas de importação sobre uma série de itens como carnes, soja, frango e produtos processados, pode gerar impacto direto de até US$ 1,5 bilhão nas exportações do estado, segundo estimativas preliminares da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP).
O aumento tarifário, classificado como um “tarifaço retaliatório”, foi oficializado pelo Departamento de Comércio norte-americano como resposta a disputas comerciais envolvendo regras sanitárias e subsídios agrícolas. O Paraná, que tem nos EUA um dos seus principais mercados compradores, pode ser um dos estados mais afetados, especialmente nas cadeias de proteína animal e grãos.
Produtores e cooperativas relatam preocupação com contratos em andamento e embarques previstos para os próximos meses. “Essa medida é extremamente prejudicial para um setor que vinha em ritmo acelerado de recuperação e crescimento. Estamos tratando de um volume expressivo da balança comercial paranaense”, afirmou Antonio Diogo, analista de comércio exterior da FAEP.
O setor calçadista também sente os efeitos. Segundo dados da Abicalçados, o Paraná exportou mais de US$ 111 milhões em calçados para os EUA apenas no primeiro semestre de 2025, e a nova tarifa poderá inviabilizar parte dessas operações. Indústrias de médio porte já cogitam readequações na produção e cortes de pessoal caso as barreiras comerciais se mantenham.
O governo estadual informou que acompanha o caso com atenção e que buscará diálogo com o Ministério das Relações Exteriores e o Itamaraty para mediar a crise. “O Paraná depende das exportações para sustentar sua economia. Vamos agir em defesa do setor produtivo e da competitividade internacional do estado”, declarou em nota o secretário estadual da Agricultura, Norberto Ortigara.
Entidades do agronegócio pressionam o governo federal por respostas diplomáticas e estratégias de compensação, como abertura de novos mercados ou incentivos fiscais temporários. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) já solicitou uma reunião emergencial com o Ministério da Agricultura.
Enquanto isso, o setor produtivo paranaense se mobiliza para mitigar prejuízos e adaptar rotas comerciais. A incerteza, porém, já se reflete nas cotações internas e nas previsões de receita do segundo semestre.
FONTE: cbncuritiba.com