Em uma decisão que promete reconfigurar as rotas do comércio internacional, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira (1º) a entrada em vigor de novas tarifas comerciais que atingem 68 países. A medida, que já está sendo chamada de “tarifaço global”, impõe alíquotas de até 50% sobre importações estratégicas, acirrando tensões diplomáticas e provocando fortes reações nos mercados financeiros.
Entre os alvos das novas taxações estão parceiros tradicionais dos EUA, como Canadá, Índia, Suíça, Taiwan e Brasil. A justificativa da Casa Branca se apoia em uma suposta necessidade de “proteger a indústria e o trabalhador americano contra práticas comerciais injustas”. Para analistas, trata-se de um reposicionamento agressivo da política externa norte-americana, com potencial para desencadear uma nova guerra comercial de alcance global.
A medida pegou de surpresa inclusive países aliados, como o Reino Unido, que classificou a decisão como “abrupta e desproporcional”. A China, por sua vez, respondeu com veemência e já estuda retaliações comerciais e diplomáticas. O Brasil, atingido com uma tarifa de 50% sobre diversos produtos agroindustriais e manufaturados, anunciou que buscará compensações na Organização Mundial do Comércio (OMC) e mobiliza sua diplomacia para minimizar os impactos.
A repercussão nos mercados foi imediata. Bolsas da Europa e da Ásia abriram em queda, com o índice STOXX 600 recuando 1,3% e o Nikkei japonês registrando retração de 0,9%. O dólar se fortaleceu frente a moedas emergentes, enquanto os preços de commodities apresentaram instabilidade. Em Nova York, os futuros de Wall Street operam no vermelho, refletindo o temor de uma desaceleração do comércio global.
“O risco não está apenas no impacto direto sobre os produtos tarifados, mas no efeito dominó que isso pode gerar em cadeias de suprimento, investimentos e relações comerciais já fragilizadas após anos de incertezas geopolíticas”, afirmou Elaine Roberts, analista-chefe do Global Trade Institute.
A Organização Mundial do Comércio ainda não se pronunciou oficialmente, mas fontes ligadas à entidade indicam que os países afetados já pressionam por uma reunião de emergência. Enquanto isso, governos e empresas do mundo inteiro correm contra o tempo para recalibrar contratos, rotas logísticas e estratégias de exportação.
Com o novo tarifaço, Trump sinaliza que sua agenda protecionista continua sendo um dos pilares de seu segundo mandato. Resta saber qual será o custo dessa ofensiva para o já frágil equilíbrio da economia internacional.
FONTE: reuters.com