
Os números do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no terceiro trimestre de 2025, divulgados pelo IBGE, revelam uma economia com ritmo desigual entre os setores. Embora a indústria e a agropecuária tenham contribuído positivamente, o setor de serviços — o maior da economia — praticamente estagnou, o que limitou o crescimento geral a apenas 0,1% no período.
A indústria nacional avançou 0,8% no trimestre, puxada principalmente pela construção civil e pela produção de bens intermediários. O resultado mostra uma leve recuperação, mesmo diante de um cenário ainda desafiador, marcado por juros elevados e menor demanda interna. Especialistas apontam que programas de infraestrutura e obras públicas ajudaram a manter o setor em expansão.
Na agropecuária, o crescimento foi de 0,4%, mantendo o ritmo estável após safras fortes no primeiro semestre. O setor segue sustentado pelas exportações de soja, milho e carne, que continuam em alta no mercado internacional, apesar das flutuações climáticas e pressões logísticas.
Por outro lado, o setor de serviços — responsável por mais de 70% do PIB — teve variação de apenas 0,1%, revelando sinais de estagnação. O consumo das famílias, principal motor desse segmento, também teve desempenho fraco (+0,1%), refletindo o impacto dos juros altos, do endividamento e da perda de poder de compra em diversas faixas de renda.
O investimento das empresas (formação bruta de capital fixo) permaneceu em patamar moderado, sem sinal de retomada mais robusta. A alta do crédito, aliada à incerteza econômica e fiscal, limita os aportes em expansão e inovação — especialmente no setor industrial.
O desempenho contrastante entre os setores reacende discussões sobre a dependência da economia brasileira em poucos motores, como o agronegócio e a exportação de commodities, e reforça a urgência de medidas estruturais que incentivem o crescimento sustentável nos serviços e na indústria de transformação.
Enquanto isso, economistas e agentes do mercado aguardam os próximos passos do Banco Central, com expectativas crescentes de cortes na taxa básica de juros (Selic) já no início de 2026, como forma de reaquecer o crédito e estimular a atividade nos segmentos mais frágeis da economia.
FONTE: agenciabrasil.ebc.com.br