
O agronegócio brasileiro fechou 2025 com resultados expressivos nas exportações, reforçando sua posição como principal motor da balança comercial nacional. No entanto, o bom desempenho do setor ocorre em meio a crescentes pressões externas e desafios logísticos internos, que podem comprometer a sustentabilidade desse avanço nos próximos ciclos.
Dados do Ministério da Agricultura mostram que os embarques de soja, carne bovina e de frango, milho e açúcar tiveram alta significativa ao longo do ano, com destaque para o aumento de 64% nas exportações de soja no mês de novembro, principalmente para o mercado chinês. O movimento antecipou possíveis mudanças de preferências comerciais da China em relação aos Estados Unidos.
Apesar do volume recorde, o setor enfrenta alertas importantes. A volatilidade dos preços internacionais de commodities, a alta nos custos de frete marítimo e os gargalos logísticos internos — especialmente no escoamento da produção por rodovias e portos — impactam diretamente a rentabilidade dos produtores.
Além disso, disputas sanitárias e barreiras comerciais seguem pressionando as cadeias produtivas. Mesmo com o avanço da vacinação contra a gripe aviária, restrições temporárias em países importadores afetaram parte das exportações de carne de frango, exigindo maior articulação diplomática e técnica por parte do governo brasileiro.
Segundo analistas do setor, o Brasil precisa aproveitar o bom momento para diversificar mercados, modernizar sua infraestrutura e investir em inovação tecnológica. “O agro brasileiro é altamente competitivo, mas enfrenta uma conjuntura internacional volátil. O desafio agora é estrutural: precisamos garantir eficiência logística, previsibilidade sanitária e acesso a mercados mais sofisticados”, afirma o consultor Paulo Ortigão.
Em resposta às pressões, o governo federal anunciou que pretende ampliar investimentos em infraestrutura logística, ampliar acordos bilaterais e reforçar o apoio técnico a exportadores, com foco em certificações ambientais e rastreabilidade — exigências crescentes no mercado europeu e asiático.
Mesmo diante das adversidades, o setor agroexportador segue como âncora de crescimento econômico e geração de divisas, mas dependerá de políticas estratégicas para manter a competitividade em um cenário global cada vez mais exigente.
FONTE: agenciabrasil.ebc.com.br