O consumidor brasileiro começa a sentir no bolso os efeitos da alta no preço dos grãos de café. Torrefadoras de grande porte como 3 Corações, Melitta e outras marcas do setor anunciaram, nesta semana, reajustes de até 15% no valor final de produtos como café em pó, solúvel e cápsulas.
A medida é consequência direta do aumento expressivo no custo da matéria-prima, especialmente o grão arábica, cujo preço subiu mais de 20% na atual safra, acumulando alta de 70% desde o início de 2024. Fatores climáticos como seca prolongada e geadas pontuais nas principais regiões produtoras — especialmente Minas Gerais e São Paulo — pressionaram a oferta e elevaram os custos para a indústria.
O aumento já começa a ser repassado ao consumidor final. Supermercados em capitais como São Paulo, Curitiba e Brasília relatam ajustes de R$ 2 a R$ 4 por pacote de 500g, dependendo da marca. A tendência, segundo o setor, é de que os novos preços se consolidem até o fim de setembro.
Empresas do setor afirmam que o custo do grão responde por até 40% do valor final do produto, e que o cenário atual torna impossível absorver a alta sem repasses. “Estamos enfrentando um período de extrema volatilidade no mercado internacional de café, e o repasse é uma medida de sobrevivência”, disse um executivo do setor à agência Reuters.
O reflexo imediato é uma migração de consumidores para marcas mais baratas ou versões com menor peso, segundo apontam associações varejistas. Já cafeterias e pequenos comerciantes relatam aumento nos custos operacionais e revisão de cardápios.
Especialistas alertam que o cenário de preços elevados pode se estender até a próxima colheita, prevista para meados de 2026, caso as condições climáticas não melhorem e a produção nacional não se recupere significativamente.
Além disso, o mercado internacional também influencia a formação de preços internos, especialmente diante da valorização do dólar, que aumenta o apelo das exportações brasileiras e reduz a oferta no mercado doméstico.
Com o café presente em 97% dos lares brasileiros, segundo a Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), a alta no preço é considerada uma das mais sensíveis entre os produtos de consumo diário — ao lado do arroz e do leite.
FONTE: reuters.com