O mercado financeiro projeta que a taxa básica de juros do Brasil, a Selic, deve encerrar 2026 em torno de 12,3% ao ano, abaixo dos atuais 15%. A revisão das expectativas, divulgada no boletim Focus, reflete uma percepção de que a inflação seguirá em trajetória de desaceleração e de que o Banco Central terá espaço para iniciar cortes graduais.
Apesar do otimismo, analistas alertam que o ambiente econômico segue carregado de incertezas. Entre os principais pontos de atenção estão o quadro fiscal delicado, com aumento das despesas públicas e dificuldade em ampliar receitas, e o câmbio volátil, que pode pressionar preços internos caso haja desvalorização mais acentuada do real.
O cenário internacional também pesa. Com os Estados Unidos e a Europa mantendo juros elevados por mais tempo, o fluxo de capitais tende a favorecer economias desenvolvidas, exigindo cautela de países emergentes como o Brasil. Isso significa que qualquer decisão do Banco Central em reduzir a Selic precisará considerar riscos de fuga de investimentos e de impacto no dólar.
Para especialistas, a projeção de juros menores é positiva, pois abre espaço para a retomada do consumo e do investimento produtivo. No entanto, o ritmo e a intensidade da queda dependerão da credibilidade da política econômica interna e da capacidade do governo em sinalizar compromisso com a responsabilidade fiscal.
Assim, 2026 se desenha como um ano de possível alívio monetário, mas que exigirá equilíbrio entre estímulo e prudência para que o país consiga crescer de forma sustentável sem colocar em risco a estabilidade de preços conquistada a duras penas.
FONTE: reuters.com