Um novo movimento no setor energético e digital está colocando o Brasil no radar de grandes mineradoras de criptomoedas. Empresas estrangeiras estão avaliando a instalação de operações no país, atraídas pelo excedente de energia renovável e pelos baixos custos em regiões com produção limpa não totalmente aproveitada.
A tendência foi identificada por empresas como a Renova Energia, que já iniciou negociações com mineradoras interessadas em utilizar energia solar e eólica excedente de suas usinas. A proposta prevê transformar essa energia ociosa em potência computacional para mineração de criptoativos, como o Bitcoin — uma atividade que demanda altíssimo consumo de eletricidade.
“É uma forma de monetizar energia que, em muitos casos, está sendo desperdiçada por falta de demanda local ou infraestrutura de escoamento”, afirmou um executivo da Renova.
O Brasil se torna atrativo em um momento em que mineradoras globais enfrentam restrições energéticas e ambientais em países como China e Estados Unidos. A energia limpa brasileira, aliada à estabilidade política relativa e à abundância de recursos naturais, torna o país um destino estratégico para essa indústria em expansão.
Contudo, o movimento também levanta preocupações regulatórias e ambientais. Especialistas apontam a necessidade de regras claras para evitar pressões sobre o sistema elétrico, além de impactos locais, especialmente em regiões onde o abastecimento de água ou a geração de energia é sensível a oscilações climáticas.
“É fundamental que o Brasil aproveite essa oportunidade com responsabilidade, garantindo contrapartidas sociais e respeito às metas de sustentabilidade”, alerta Ana Luíza Tavares, pesquisadora em economia verde da FGV.
O governo federal ainda avalia como regular esse novo tipo de demanda energética. Enquanto isso, estados com excedentes — como Bahia, Rio Grande do Norte e Piauí — se movimentam para atrair esses investimentos, com incentivos fiscais e apoio logístico.
FONTE: reuters.com