Os mercados financeiros brasileiros abriram a semana em clima de cautela, refletindo a combinação de fatores internos e externos que elevam o nível de incerteza entre investidores. O Ibovespa futuro iniciou a sessão desta segunda-feira com leve queda de 0,28%, aos 128.430 pontos, enquanto o dólar comercial avançava 0,34%, cotado a R$ 5,56 no início da manhã.
A semana começa sob os efeitos do chamado “tarifão” dos Estados Unidos, que impôs sobretaxas de 50% a produtos brasileiros, especialmente no setor manufatureiro, o que gerou apreensão quanto ao impacto nas exportações e na balança comercial brasileira. O movimento dos EUA, interpretado como protecionista e abrupto, elevou o risco de desaceleração da atividade industrial nacional e pressiona o cenário cambial.
Além disso, os investidores acompanham com atenção os desdobramentos da agenda econômica doméstica. Apesar da revisão para cima na projeção do PIB para 2025, o recuo de 0,7% na atividade econômica em maio, medido pelo IBC-Br do Banco Central, trouxe sinais de enfraquecimento no ritmo de crescimento, especialmente no setor agropecuário e industrial.
Outro fator que pesa sobre os mercados é a manutenção da taxa Selic em 15%, que limita o apetite por risco e desacelera o crédito. Parte dos analistas já projeta que o Comitê de Política Monetária (Copom) possa sinalizar uma flexibilização no segundo semestre, diante dos sinais de arrefecimento na inflação e na atividade.
“Há uma conjunção de fatores que justifica o movimento de aversão ao risco neste início de semana: a tensão comercial com os Estados Unidos, dados fracos da economia real e a indefinição quanto à trajetória dos juros”, explicou André Tavares, estrategista da corretora Noroeste Investimentos.
Enquanto o investidor local reage aos ruídos fiscais e comerciais, o cenário internacional também impõe desafios, com atenção voltada para os indicadores da China e os desdobramentos da reunião do G20 nesta semana, onde o Brasil buscará apoio diplomático para contornar os impactos das novas barreiras comerciais.
A expectativa é de que a volatilidade continue nos próximos dias, à medida que o mercado assimila os novos dados e aguarda por sinais mais claros do governo federal sobre possíveis medidas de resposta à crise tarifária e estratégias de estímulo à produção interna. Até lá, a palavra de ordem no mercado brasileiro segue sendo cautela.
FONTE: investetalk.bb.com