Mercado financeiro reage com cautela diante de tensão comercial com os EUA

O mercado financeiro brasileiro encerrou o pregão desta terça-feira em leve alta, refletindo a expectativa moderada dos investidores diante do agravamento da crise comercial entre Brasil e Estados Unidos. O índice Ibovespa subiu 0,45%, aos 128.140 pontos, enquanto o dólar recuou 0,43%, cotado a R$ 5,5686.

Apesar da valorização do principal índice da B3, o tom predominante entre os analistas foi de cautela, impulsionado pela incerteza quanto aos impactos das novas tarifas de importação que os EUA aplicarão sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.

O setor exportador, especialmente voltado para madeira, móveis e aeronáutica, deve ser um dos mais atingidos. Com isso, as ações de empresas como Embraer e Suzano operaram com volatilidade durante o dia, refletindo tanto receios de perda de mercado quanto a expectativa de suporte financeiro anunciado pelo governo federal.

“A reação do mercado indica que há espaço para alívio, mas o cenário ainda está indefinido. O real só não sofreu maior pressão cambial devido ao fluxo positivo na balança comercial e à manutenção de juros elevados”, explicou Ana Clara Lima, economista-chefe da gestora ParInvest.

A taxa Selic, atualmente em 15% ao ano, continua sendo um fator de suporte para o câmbio, mas também restringe a expansão do crédito e do consumo interno — o que mantém os investidores atentos a possíveis revisões na política monetária até o fim do ano.

Outro fator de atenção é a postura do governo brasileiro, que ainda busca respostas diplomáticas dos EUA. Segundo fontes do Planalto, não houve retorno formal às tentativas de negociação feitas desde maio, o que agrava o risco de escalada geopolítica e afeta o apetite por ativos brasileiros.

No cenário externo, as bolsas internacionais tiveram desempenho misto, influenciadas por dados de inflação nos EUA e tensões comerciais com países emergentes.

FONTE: theriotimes.com