Investidores recuam da tecnologia e migram para setores essenciais em busca de estabilidade

Economia4 days ago

Em uma guinada estratégica que sinaliza cautela nos mercados globais, fundos de hedge e grandes investidores institucionais estão redirecionando seus portfólios, reduzindo a exposição em empresas de tecnologia e ampliando posições em setores essenciais, como saúde, energia, alimentos e consumo básico. A mudança de comportamento foi registrada em relatório divulgado nesta segunda-feira (28) pelo Goldman Sachs, que acompanha os fluxos semanais de capitais no mercado acionário global.

A reorientação ocorre em meio a um ambiente de volatilidade geopolítica, incertezas fiscais e política monetária restritiva nos principais países desenvolvidos. O relatório destaca que os investidores estão “reavaliando o apetite por risco”, após mais de um ano de ganhos expressivos nas big techs.

O índice Nasdaq 100, tradicionalmente dominado por empresas de tecnologia, sofreu queda de 2,7% nas últimas três semanas, enquanto ações ligadas a consumo de primeira necessidade e farmácia registraram valorização contínua. Empresas como Procter & Gamble, Johnson & Johnson e ExxonMobil lideram o movimento de alta, consideradas refúgios diante da instabilidade.

Segundo o Goldman Sachs, “há uma clara migração para ativos considerados defensivos, que oferecem previsibilidade de receita mesmo em cenários de desaceleração econômica”. O relatório indica que o setor de tecnologia, embora ainda lucrativo, enfrenta pressão com a elevação das taxas de juros e a desaceleração da demanda por inovação após o boom da inteligência artificial em 2023–2024.

Economistas veem esse ajuste como natural após um ciclo de supervalorização. “É um voo para a segurança. Setores essenciais tendem a proteger o portfólio em momentos de incerteza”, explica Ana Lucia Azevedo, analista de investimentos da XP.

Com a agenda de decisões sobre juros se aproximando em países como Estados Unidos, Canadá e Japão, a tendência é que o fluxo defensivo continue no curto prazo — refletindo uma postura mais conservadora dos mercados até que haja maior previsibilidade sobre inflação e crescimento global.

FONTE: reuters.com

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