Inflação da zona do euro acelera e reforça cautela do Banco Central Europeu

A inflação na zona do euro voltou a acelerar em setembro, contrariando expectativas de estabilidade e reforçando a postura cautelosa do Banco Central Europeu (BCE) em relação a novos cortes na taxa de juros. Segundo dados divulgados pela Eurostat, o índice de preços ao consumidor (IPC) avançou para 2,2% no acumulado de 12 meses, após marcar 2,0% em agosto.

A alta foi impulsionada principalmente pelo setor de serviços, que registrou aumentos significativos de preços em áreas como transporte, alimentação fora de casa e turismo. Também houve influência do encarecimento da energia em determinados países do bloco, em meio à instabilidade no mercado global de combustíveis.

Apesar de a inflação estar tecnicamente dentro da meta do BCE — que é de 2% ao ano — o núcleo da inflação (que exclui alimentos e energia) permanece elevado, sinalizando persistência de pressões inflacionárias subjacentes. Esse cenário mantém o banco central europeu em posição de cautela, especialmente após um ciclo prolongado de elevação de juros iniciado em 2022.

O BCE vinha indicando a possibilidade de estabilização ou até redução das taxas básicas, diante da desaceleração econômica em países como Alemanha e França. No entanto, os novos dados de inflação podem adiar esse movimento. O mercado agora revisa suas projeções, com muitos analistas acreditando que a autoridade monetária europeia manterá os juros nos atuais 4,5% por um período mais prolongado.

A inflação elevada continua sendo um obstáculo à recuperação plena da economia europeia, que também enfrenta queda no consumo interno, recuo das exportações e tensões geopolíticas persistentes. A decisão final do BCE será influenciada por uma combinação de indicadores de preços, emprego e atividade econômica, além do impacto das políticas monetárias globais, como as do Federal Reserve, nos fluxos cambiais e financeiros internacionais.

FONTE: reuters.com