Economistas e investidores voltaram a manifestar preocupação com a independência do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, após novas críticas públicas do ex-presidente Donald Trump à condução da política monetária no país. A tensão surge em meio à expectativa de manutenção da taxa básica de juros na reunião agendada para o fim de julho.
Uma pesquisa da Reuters com mais de 80 economistas revelou que, embora não se espere alteração na taxa atual — que permanece em 5,25% ao ano —, a estabilidade do Fed como órgão técnico está sob escrutínio diante do clima eleitoral e das declarações de Trump, que chegou a sugerir mudanças na liderança da instituição.
“A simples ameaça de interferência já gera instabilidade”, afirmou David Blanchflower, ex-membro do Comitê de Política Monetária do Banco da Inglaterra. Segundo ele, a confiança na atuação técnica e independente do Fed é um dos pilares da credibilidade econômica dos EUA.
Mesmo diante da pressão política, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sinalizou que não há indicativos de corte ou aumento de juros neste momento, considerando que a inflação se mantém ligeiramente acima da meta de 2%, e o mercado de trabalho segue aquecido.
Investidores globais acompanham o desenrolar da situação com atenção redobrada, já que qualquer ruído na política monetária dos Estados Unidos costuma ter efeitos em cascata sobre mercados emergentes, taxas de câmbio e fluxo de capitais.
A possível erosão da autonomia do Fed reacende discussões sobre a importância de blindar instituições econômicas contra interferências políticas — um tema que pode ganhar centralidade no debate eleitoral norte-americano de 2026.
FONTE: reuters.com