O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a pressionar o Banco Central nesta segunda-feira (4), defendendo a redução antecipada da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 15% ao ano. Segundo o ministro, os indicadores de inflação e atividade econômica abrem espaço para uma flexibilização monetária “responsável e compatível com a estabilidade fiscal”.
“Temos um cenário que permite uma atuação mais ousada do ponto de vista monetário. A inflação está em desaceleração e deve fechar o ano abaixo de 5%. Isso justifica antecipar o corte dos juros para destravar o crédito, impulsionar o investimento e fortalecer o consumo das famílias”, afirmou Haddad em entrevista coletiva após reunião com empresários do setor produtivo.
A fala ocorre poucos dias após o Comitê de Política Monetária (Copom) manter a Selic em 15%, o maior patamar desde 2006, sob argumento de que as pressões inflacionárias persistem e que o cenário internacional ainda exige cautela. No entanto, Haddad contestou a avaliação, destacando que o Brasil apresenta superávit primário e que o governo está comprometido com o novo arcabouço fiscal aprovado pelo Congresso.
O ministro também afirmou que as tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos representam um risco pontual, mas que o Brasil está reagindo de forma equilibrada, com redirecionamento de exportações e pacotes de apoio ao setor produtivo nacional.
“A resposta à crise tarifária está sendo técnica e eficiente. Não estamos furando o teto de gastos, nem promovendo populismo fiscal. Pelo contrário, estamos fortalecendo os fundamentos da economia e mantendo diálogo com os mercados e com a sociedade”, disse.
Nos bastidores, fontes da equipe econômica afirmam que o governo trabalha com a expectativa de que a Selic caia para 13,5% até dezembro, o que abriria espaço para novas concessões de crédito e alívio sobre o custo da dívida pública.
A fala de Haddad foi bem recebida por parte do setor empresarial, mas gerou reações cautelosas no mercado financeiro, onde permanece a preocupação com a volatilidade cambial e os impactos das sanções comerciais externas.
FONTE: reuters.com