
A economia mundial caminha para uma nova era marcada por fragmentação geopolítica, desaceleração do comércio internacional e reconfiguração de cadeias produtivas. É o que revela um relatório recente da Bloomberg, que aponta para um cenário de “desglobalização controlada”, onde países priorizam alianças regionais, cadeias de valor mais curtas e maior autonomia produtiva.
A análise destaca que, após décadas de globalização acelerada, as principais economias do mundo estão adotando políticas industriais protecionistas, revendo acordos comerciais e reduzindo sua exposição a riscos externos — fenômeno intensificado por guerras, pandemias, crises climáticas e disputas tecnológicas.
Economia mais lenta, menos integrada
Segundo o estudo, esse processo de fragmentação já está impactando os índices de crescimento global. O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu sua projeção de crescimento para 2026, citando os custos elevados da reorganização das cadeias de suprimentos e a menor eficiência global.
“A era da interdependência máxima está sendo substituída por um modelo híbrido, onde eficiência dá lugar à segurança econômica”, explica a analista-chefe da Bloomberg Economics, Stephanie Flanders.
Consequências para países em desenvolvimento
Para economias emergentes, como o Brasil, a fragmentação representa um alerta e uma oportunidade. Dependência de exportações de baixo valor agregado, como commodities agrícolas e minerais, pode não ser suficiente para sustentar o crescimento em um ambiente mais fechado.
Especialistas recomendam uma estratégia de fortalecimento de mercados internos, diversificação produtiva e investimento em inovação e tecnologia como forma de garantir relevância econômica num mundo com blocos mais fechados e seletivos.
Reflexos no Brasil e no Paraná
O relatório também ressalta que regiões fora dos grandes centros — como o interior do Brasil — precisam estar preparadas para reposicionar sua economia regional, buscando integração com cadeias de valor mais próximas e nichos sustentáveis.
No Paraná, isso pode significar apostar em bioeconomia, tecnologia da informação, educação técnica e infraestrutura logística, fortalecendo a posição do estado como elo confiável em uma economia cada vez mais regionalizada.
FONTE: bloomberg.com