O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou sua projeção de crescimento da economia mundial para 3,0% em 2025, segundo a atualização do relatório “World Economic Outlook” divulgada nesta terça-feira. A nova estimativa representa um avanço em relação aos 2,8% previstos no início do ano e reflete a resiliência de economias emergentes, estímulos fiscais pontuais e o impacto de exportações antecipadas em razão das novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos.
De acordo com o FMI, o desempenho econômico global surpreendeu positivamente no primeiro semestre de 2025, mesmo diante de um cenário marcado por inflação persistente, juros elevados e crescente instabilidade geopolítica. A entidade destaca que medidas de estímulo na China e Alemanha, além de fortes investimentos em infraestrutura nos Estados Unidos e na Índia, sustentaram a demanda agregada em diversos setores estratégicos.
No entanto, o relatório também traz alertas importantes: o crescimento segue desigual entre regiões, com a zona do euro desacelerando para apenas 0,1% no segundo trimestre, e a Alemanha entrando em recessão técnica após uma retração de 0,1% no mesmo período. A China, por sua vez, registrou desaceleração do setor industrial, o que deve afetar o ritmo de crescimento de parceiros comerciais na Ásia e América Latina.
O “tarifaço” promovido pelos EUA, que impôs sobretaxas de 50% sobre importações de países como Brasil, Alemanha, México e Coreia do Sul, gerou compras antecipadas que impulsionaram artificialmente os números do segundo trimestre. O FMI estima que esses efeitos sejam temporários, e que os riscos de desaceleração no segundo semestre são significativos caso o conflito comercial se intensifique.
“A economia global mostrou força inesperada, mas os fundamentos permanecem frágeis”, afirmou o economista-chefe do FMI, Pierre‑Olivier Gourinchas. “A incerteza geopolítica, os efeitos cumulativos das tarifas e as limitações fiscais em vários países podem comprometer essa recuperação”, completou.
O relatório também reforça a importância de manter políticas monetárias prudentes e ampliar a cooperação internacional para evitar rupturas nos fluxos de comércio e investimentos. Segundo o FMI, a confiança dos mercados dependerá do comportamento das principais economias centrais e do desfecho de disputas tarifárias bilaterais.
FONTE: IMF