O Fundo Monetário Internacional (FMI) manteve nesta terça-feira (30) a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2,3% para 2025, segundo o novo relatório de perspectivas globais. A projeção representa uma leve desaceleração em relação ao crescimento registrado em 2024, que fechou em 3,4%, mas mantém o país em trajetória positiva mesmo diante de um cenário internacional adverso.
De acordo com o documento, o desempenho brasileiro segue como um dos mais consistentes entre os países emergentes, sustentado por políticas fiscais mais estáveis, fortalecimento da balança comercial e avanços no combate à inflação — ainda que com uma taxa Selic elevada, fixada em 15% ao ano, o maior patamar desde 2006.
No entanto, o FMI alerta para riscos crescentes que podem comprometer essa trajetória. Em destaque, as tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos estratégicos brasileiros — previstas para entrarem em vigor em 1º de agosto — são apontadas como ameaça potencial à atividade econômica, podendo impactar diretamente setores exportadores e reduzir o crescimento em até 1,4 ponto percentual.
O relatório também destaca os efeitos da tensão diplomática com Washington, que tem dificultado o diálogo bilateral e colocado pressão sobre o comércio exterior. Apesar dos esforços do governo brasileiro, incluindo uma carta enviada à Casa Branca em maio e diversas rodadas de negociação, nenhum retorno formal foi obtido até o momento.
Em resposta à crise iminente, o Ministério da Fazenda anunciou nesta semana um pacote de crédito emergencial voltado a empresas exportadoras afetadas pelas tarifas. A medida, embora não inclua isenções fiscais, visa mitigar impactos diretos em setores como aviação, madeira e autopeças, e preservar os indicadores positivos que sustentam a retomada econômica do país.
Com isso, o FMI destaca que o Brasil “surpreendeu positivamente nos últimos três anos”, mas que a resiliência do crescimento dependerá da capacidade de manter equilíbrio fiscal, evitar escaladas geopolíticas e sustentar o consumo interno.
A previsão de inflação segue sob controle, com projeções entre 4,2% e 4,5% até o fim do ano, dentro da meta do Banco Central. A equipe econômica, por sua vez, monitora os desdobramentos internacionais e deve revisar a meta fiscal de 2025 no terceiro trimestre, caso o impacto externo se intensifique.
FONTE: theriotimes.com