A economia brasileira segue em trajetória de estabilidade moderada, mesmo diante de um cenário global marcado por volatilidade e disputas comerciais. Dados divulgados por institutos econômicos nesta segunda-feira (28) indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deverá crescer cerca de 2,2% em 2025, sustentado por emprego formal em alta, salário mínimo reajustado e produção industrial sólida em setores como alimentos, energia e construção.
A taxa de desemprego recuou para 7,0% no último trimestre — o menor patamar desde 2014 — enquanto o saldo de geração de empregos formais superou 1 milhão de vagas nos primeiros cinco meses do ano, segundo o Ministério do Trabalho.
No entanto, especialistas alertam para um sinal amarelo na inflação. O índice acumulado em 12 meses está em 5,3%, acima do centro da meta de 3% fixada pelo Conselho Monetário Nacional. A pressão inflacionária se concentra em energia elétrica, combustíveis e alimentos, afetando o poder de compra das famílias e a margem de manobra da política monetária.
Em resposta, o Banco Central optou por manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano, mesmo com pressões do setor produtivo por flexibilização. O presidente da instituição, Roberto Campos Neto, justificou a decisão como uma medida para “ancorar expectativas e preservar a credibilidade da política monetária”.
Outro fator de atenção é a situação fiscal. Embora o governo tenha reduzido o bloqueio de gastos — de R$ 31,3 bilhões para R$ 10,7 bilhões — após revisão da arrecadação do pré-sal, o déficit primário segue elevado. Até junho, o rombo nas contas públicas superou R$ 26 bilhões, o que limita a capacidade de investimentos do Estado e gera instabilidade entre investidores.
Apesar das pressões externas, como o aumento de tarifas dos Estados Unidos e incertezas sobre a economia chinesa, o Brasil mantém relativa resiliência. “O país está numa posição de equilíbrio, mas qualquer desvio no controle da inflação pode comprometer a recuperação”, alerta a economista Silvia Matos, da FGV.
Com a aproximação do segundo semestre, o foco estará em manter o consumo interno aquecido, controlar a inflação e evitar turbulências fiscais — uma equação complexa que exigirá equilíbrio entre política econômica e responsabilidade social.
FONTE: marketscreener.com