
Após um 2025 marcado por desaceleração no ritmo de crescimento e forte pressão sobre os gastos públicos, a economia brasileira entra em 2026 com projeções mais cautelosas e um cenário descrito por especialistas como de acomodação e ajuste. A expectativa do mercado é de um crescimento entre 1,8% e 2,2% ao longo do ano, com foco em retomada gradual do consumo interno e reequilíbrio das contas públicas.
O ano anterior registrou alta de 2,4% no PIB, segundo estimativas do governo, puxada sobretudo pelo agronegócio e exportações. No entanto, o enfraquecimento do setor de serviços no segundo semestre e a lenta recuperação do consumo das famílias levantaram sinais de alerta. O crédito caro e o alto endividamento das famílias dificultaram a retomada mais ampla da atividade econômica.
Com esse pano de fundo, 2026 começa sob sinal de prudência, tanto no setor público quanto no privado. A política monetária segue sendo um dos principais fatores de atenção. O Banco Central pode iniciar, ainda no primeiro trimestre, um ciclo de cortes na taxa Selic, atualmente em 10,75%, o que pode aliviar os custos do crédito e estimular o investimento.
“Há espaço para uma recuperação mais sólida, mas ela será lenta. A confiança dos empresários e consumidores ainda está fragilizada, e o governo precisa sinalizar com clareza como pretende controlar os gastos sem paralisar a máquina pública”, afirma a economista Denise Vargas, da consultoria BrasilData.
Além do ambiente fiscal, outro fator decisivo será a implementação da reforma tributária, aprovada em 2023, cujos efeitos começam a ser sentidos neste ano. Espera-se que a simplificação dos tributos e a desoneração seletiva possam beneficiar setores produtivos e impulsionar a formalização da economia.
Enquanto isso, programas de investimento como o novo PAC, e políticas de fomento ao empreendedorismo, à inovação e à infraestrutura digital, deverão ganhar papel central na tentativa de criar uma base mais sólida de crescimento sustentável.
Em resumo, 2026 tende a ser um ano de transição para um novo ciclo econômico: com menor crescimento, maior cautela fiscal e expectativa de retomada mais estruturada no médio prazo. A capacidade de articulação entre governo, setor produtivo e sociedade será decisiva para transformar esse cenário de acomodação em base para avanços mais consistentes.
FONTE: bemparana.com