
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu apenas 0,1% no terceiro trimestre de 2025 em relação aos três meses anteriores, segundo dados divulgados pelo IBGE. O resultado surpreendeu negativamente o mercado, que esperava uma reação mais robusta após a retomada observada no primeiro semestre do ano. A queda no setor de serviços, tradicional motor da economia, foi um dos principais responsáveis pela desaceleração.
Com esse desempenho, o país entra no último trimestre de 2025 com projeções mais cautelosas para o fechamento do ano, embora o governo ainda mantenha a estimativa de crescimento em torno de 2,4%. A alta acumulada no ano, no entanto, é considerada modesta diante dos desafios econômicos globais e da política monetária interna marcada por juros elevados.
“Estamos observando uma perda de fôlego do consumo das famílias, que já vinha se mostrando sensível às altas taxas de crédito e ao endividamento. Isso impacta diretamente o setor de serviços e o comércio”, analisa o economista Paulo Fraga, da consultoria MacroVisão.
O mercado financeiro, diante da estagnação do PIB e da inflação sob controle, voltou a projetar cortes na taxa Selic já no início de 2026. Atualmente em 10,75%, a taxa básica de juros é considerada um dos entraves ao investimento e à retomada do consumo interno.
Ainda assim, setores como exportações agropecuárias, construção civil e algumas áreas da indústria mantiveram desempenho positivo, ajudando a evitar um resultado ainda mais fraco. O agronegócio, especialmente, continua sendo um dos pilares de sustentação da balança comercial e do crescimento de várias regiões.
Com um cenário internacional instável e pressão sobre as contas públicas — que devem encerrar o ano com gastos próximos de R$ 5 trilhões —, o governo federal terá o desafio de equilibrar crescimento econômico e responsabilidade fiscal em 2026. O ambiente para reformas estruturais e a manutenção de programas sociais será testado pela capacidade de geração de receitas e controle de despesas.
A economia brasileira, portanto, fecha 2025 num compasso de espera: entre o esforço para manter a estabilidade e a urgência de retomar um ritmo de crescimento que gere emprego, renda e confiança para o próximo ciclo.
FONTE: reuters.com