O dólar comercial registrou forte queda nesta segunda-feira (17), encerrando o dia cotado a R$ 5,485, o menor patamar em oito meses. A valorização do real frente à moeda norte-americana foi impulsionada por fatores internos e externos que criaram um ambiente mais favorável aos países emergentes.
No cenário doméstico, os dados recentes da inflação no Brasil — com o IPCA de maio abaixo das projeções — e as expectativas de manutenção da taxa Selic em 14,75% ajudaram a fortalecer a moeda nacional. A estabilidade nos juros atrai investidores estrangeiros ao mercado brasileiro, sobretudo em títulos de renda fixa, devido ao diferencial atrativo.
Do ponto de vista externo, o recuo do dólar também foi influenciado pela redução de tensões geopolíticas no Oriente Médio, após sinais de distensão entre Israel e Irã, e por indicadores positivos da economia chinesa, que animaram os mercados globais e favoreceram as moedas de países exportadores de commodities, como o Brasil.
Operadores do mercado destacam que a melhora na percepção de risco contribuiu diretamente para a entrada de capital estrangeiro, beneficiando a cotação do real. “O movimento de hoje reflete uma combinação de fatores: expectativa de estabilidade na política monetária, dados internos melhores que o esperado e melhora no ambiente externo. Isso deu fôlego à moeda brasileira”, analisou Carla Mota, economista-chefe da BGC Liquidez.
Além do dólar, o mercado de ações também reagiu positivamente. O índice Ibovespa operou em alta, aproximando-se dos 131 mil pontos, impulsionado por papéis do setor financeiro e exportadoras, que se beneficiam da confiança externa e dos sinais de recuperação econômica global.
Apesar do alívio momentâneo, analistas alertam que o câmbio segue sensível a novas oscilações do mercado internacional e às definições da política fiscal brasileira. A continuidade do movimento de valorização do real dependerá da estabilidade das contas públicas, do comportamento da inflação e das próximas decisões do Banco Central.
FONTE: reuters.com