O Tesouro Nacional divulgou nesta quarta-feira novas projeções fiscais que apontam para uma trajetória ascendente da dívida pública brasileira nos próximos anos. De acordo com o relatório, a relação entre dívida bruta e Produto Interno Bruto (PIB) pode atingir 84,3% até 2028, caso não haja reversão nas atuais pressões macroeconômicas.
O cenário projetado é resultado de uma combinação de juros elevados, com a taxa Selic ainda mantida em 15%, inflação resistente e uma desvalorização do real frente ao dólar, que encarece os compromissos internacionais do país. A estimativa representa uma elevação de 12,6 pontos percentuais em relação aos 71,7% registrados no início do atual governo, em janeiro de 2023.
Para especialistas, o dado acende um alerta sobre a sustentabilidade das contas públicas, especialmente diante das promessas de expansão de investimentos sociais e da retomada de políticas de fomento econômico. O economista Felipe Salto, ex-secretário do Tesouro, afirma que “o crescimento da dívida pode reduzir o espaço para políticas anticíclicas e elevar o custo do crédito no país”.
O Ministério da Fazenda, no entanto, minimizou o impacto das projeções e reiterou que o novo arcabouço fiscal aprovado pelo Congresso oferecerá mecanismos para estabilizar a trajetória da dívida a partir de 2026. Ainda assim, o aumento pressiona o governo a acelerar o controle de gastos e revisar isenções tributárias, diante do risco de perda de confiança dos investidores.
Com uma das maiores dívidas públicas entre economias emergentes, o Brasil entra em um período decisivo para equilibrar crescimento, estabilidade e responsabilidade fiscal.
FONTE: economia.uol.com