O Tesouro Nacional divulgou nesta segunda-feira (21) novas projeções fiscais que acendem um sinal de alerta sobre a sustentabilidade da dívida pública brasileira. Segundo o relatório, a dívida bruta do governo geral deverá alcançar 82,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2026, crescendo de forma contínua até atingir um pico estimado de 84,3% em 2028.
O cenário fiscal é pressionado pelo aumento dos gastos obrigatórios, estagnação na arrecadação e frustração de receitas extraordinárias. O documento aponta que, mesmo com a manutenção da taxa Selic em patamar elevado (atualmente em 15% ao ano), o país enfrenta dificuldades em conter o avanço dos juros nominais sobre a dívida acumulada.
A trajetória projetada representa um salto considerável em relação aos 71,7% do PIB registrados no início do governo Lula, e desafia as metas traçadas pelo novo arcabouço fiscal. “A piora decorre da combinação entre crescimento econômico abaixo do necessário e ausência de medidas robustas de controle de despesas”, detalha o relatório técnico.
A equipe econômica do governo já estuda uma revisão nas metas fiscais para os próximos anos, com possibilidade de novas medidas de contenção de gastos e revisão de benefícios tributários. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou que o compromisso com a responsabilidade fiscal será mantido, mas reconheceu que o cenário “é mais desafiador do que o previsto”.
Agências de classificação de risco e investidores estrangeiros acompanham de perto o desdobramento da situação. Caso as projeções se confirmem, o Brasil pode sofrer rebaixamentos em sua nota de crédito, o que encareceria ainda mais o custo do endividamento e poderia afastar capital externo.
A elevação da dívida também pode limitar a capacidade do governo em investir em áreas essenciais como saúde, educação e infraestrutura, criando um ambiente de tensão política e social.
FONTE: cbnbrasil.com