O Brasil registrou em agosto a primeira deflação em quase dois anos. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial, recuou 0,14%, interrompendo uma sequência de altas e trazendo alívio momentâneo ao bolso do consumidor.
A última vez que o indicador havia registrado deflação foi em julho de 2023. O resultado foi puxado principalmente pela redução nas contas de luz, após o impacto do chamado “Bônus de Itaipu”, que reduziu as tarifas de energia elétrica, além da queda nos preços de alimentos e transportes.
No acumulado de 2025, o IPCA-15 soma 3,26%, dentro da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional. Já no período de 12 meses, a inflação está em 4,95%, ainda acima do centro da meta de 3%, mas em trajetória de desaceleração.
Especialistas ressaltam, no entanto, que a deflação pontual não significa uma tendência de queda sustentada dos preços. “É um movimento localizado, muito ligado a fatores sazonais e a medidas pontuais do setor elétrico. A inflação estrutural segue exigindo cautela”, avalia o economista André Voigt.
A deflação de agosto reforça o debate sobre os próximos passos da política monetária. Com os preços sob menor pressão, cresce a expectativa de cortes adicionais na taxa básica de juros, medida que poderia estimular setores como consumo e construção civil.
Apesar do alívio imediato, o cenário ainda é de atenção. A continuidade da estabilidade de preços dependerá da evolução das tarifas de energia, da safra agrícola e da conjuntura internacional, especialmente nos mercados de commodities.
FONTE: exame.com