O Banco Central divulgou nesta sexta-feira (25) que o Brasil registrou um déficit em transações correntes de US$ 5,131 bilhões no mês de junho, superando as projeções do mercado e marcando o pior resultado mensal do ano até agora. No acumulado de 12 meses, o déficit chega a US$ 82,4 bilhões, equivalente a 3,42% do Produto Interno Bruto (PIB) — um sinal de alerta para o equilíbrio das contas externas do país.
As transações correntes refletem o fluxo de bens, serviços e rendas entre o Brasil e o resto do mundo. Segundo o relatório, o resultado negativo de junho foi puxado principalmente pela deterioração no saldo de renda primária, com forte saída de lucros e dividendos ao exterior, além de um aumento nas importações de serviços.
Embora o saldo da balança comercial continue positivo, com superávit de US$ 6,5 bilhões no mês, ele não foi suficiente para compensar o forte déficit nos demais componentes. O volume de envio de lucros por empresas multinacionais instaladas no Brasil aumentou em mais de 25% na comparação anual.
Economistas ouvidos pelo mercado financeiro apontam que o resultado é um reflexo do aquecimento da economia doméstica, que estimula a demanda por bens e serviços internacionais, ao mesmo tempo em que pressiona as contas externas.
O dado preocupa porque pode pressionar o câmbio e exigir medidas mais conservadoras da política monetária, especialmente se a tendência se mantiver no segundo semestre. O cenário externo também contribui para a incerteza: com a aproximação da entrada em vigor das tarifas norte-americanas sobre exportações brasileiras, parte do setor produtivo teme impactos adicionais na balança comercial.
A autoridade monetária afirmou que continuará monitorando a evolução do déficit e suas implicações sobre o balanço de pagamentos, ressaltando que o país ainda possui reservas internacionais robustas e capacidade de absorver choques temporários.
FONTE: eco.com