
O Brasil assumiu nesta semana um papel central nas negociações internacionais sobre financiamento climático, ao apresentar uma proposta ambiciosa que visa mobilizar US$ 1,3 trilhão anuais para ações voltadas à mitigação e adaptação às mudanças climáticas. O plano foi articulado por uma coalizão de 35 ministros das Finanças, sob liderança brasileira, como preparação para a COP30, que será sediada em Belém (PA) em 2026.
A proposta inédita busca reformar o sistema financeiro global, incentivando bancos multilaterais de desenvolvimento, seguradoras e instituições de crédito a incorporar critérios climáticos em suas políticas de financiamento. O documento sugere mudanças em modelos de risco, taxas de juros, garantias e alavancagem, de forma a facilitar o acesso de países em desenvolvimento a recursos para transição energética e preservação ambiental.
“Estamos propondo uma transformação sistêmica nas finanças globais, que alinhe os fluxos de capital com os objetivos do Acordo de Paris. É hora de ir além das promessas e construir um modelo de desenvolvimento sustentável com justiça climática”, afirmou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
O plano será apresentado formalmente durante as reuniões preparatórias da COP30 e poderá servir como base para negociações entre países desenvolvidos e emergentes. Atualmente, as nações ricas ainda não cumpriram a meta de aportar US$ 100 bilhões anuais, acordada em 2009, para apoiar países em desenvolvimento no combate às mudanças climáticas.
A proposta brasileira também defende a criação de mecanismos de alívio de dívida atrelado à preservação ambiental, novos instrumentos financeiros verdes e maior protagonismo de países do Sul Global no redesenho das regras internacionais de financiamento.
Especialistas avaliam que o posicionamento do Brasil representa um passo estratégico para reposicionar o país como líder nas negociações ambientais internacionais, ao mesmo tempo em que pode atrair investimentos e abrir espaço para maior cooperação financeira Sul-Sul.
FONTE: reuters.com