
O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou uma medida histórica que reformula o uso dos recursos da caderneta de poupança no país. A partir de janeiro de 2027, os bancos deixarão de ser obrigados a destinar 65% dos depósitos em poupança para financiamentos habitacionais, uma regra em vigor há décadas no Brasil.
A medida, anunciada pelo Banco Central e pelo Ministério da Fazenda, será implementada de forma gradual: o percentual obrigatório será reduzido para 15% até o final de 2026, antes de ser completamente eliminado. A proposta tem como objetivo aumentar a eficiência da alocação dos recursos financeiros e dar maior flexibilidade às instituições bancárias para investirem em outros setores da economia.
“Essa mudança visa modernizar o sistema financeiro, sem prejudicar o crédito imobiliário. A intenção é ampliar as possibilidades de aplicação dos recursos e estimular a concorrência”, explicou Paulo Picchetti, diretor do Banco Central.
Apesar da flexibilização, o governo garantiu que o financiamento habitacional continuará sendo prioridade, e que serão criadas novas regras para garantir o equilíbrio entre oferta de crédito imobiliário e outras modalidades de investimento bancário. A Caixa Econômica Federal, principal operadora do crédito habitacional no país, manterá políticas específicas para garantir o acesso à casa própria, especialmente para famílias de baixa renda.
A mudança ocorre em meio ao debate sobre a sustentabilidade do atual modelo de financiamento habitacional, que vinha enfrentando pressão com a alta dos juros e a competição de outras formas de investimento. A desobrigação deve permitir que bancos diversifiquem o uso dos recursos da poupança, canalizando-os para infraestrutura, inovação ou outros setores produtivos.
Especialistas alertam, porém, que o impacto da medida deverá ser monitorado de perto, especialmente sobre os custos dos financiamentos e a disponibilidade de crédito para moradia popular.
FONTE: reuters.com