O governo federal anunciou nesta quarta-feira (3) a conclusão de sua terceira emissão de títulos da dívida externa em 2025, totalizando US$ 1,75 bilhão em captação — a maior quantidade de operações internacionais do tipo realizada em um único ano na última década.
A ação marca um movimento estratégico do Tesouro Nacional para reforçar a presença do Brasil nos mercados financeiros globais. A emissão envolveu a colocação de um novo título com vencimento em 30 anos, com taxa de retorno de 7,5% ao ano, além da reabertura de um título de 5 anos, emitido com condições semelhantes às das séries anteriores. Foram captados US$ 1 bilhão na tranche de longo prazo e US$ 750 milhões na de curto prazo.
A operação atraiu forte demanda de investidores estrangeiros, mesmo em um cenário de cautela global, com inflação elevada em economias avançadas e crescente aversão a riscos em mercados emergentes. Segundo o Tesouro, o sucesso da emissão reflete a percepção positiva sobre a condução da política fiscal e monetária brasileira, apesar do ambiente desafiador no comércio internacional.
O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, destacou que a captação servirá para refinanciar passivos futuros da dívida externa e oferecer referência de preço para emissores corporativos brasileiros. “Essa emissão reforça o compromisso com uma gestão responsável da dívida pública e mostra que o Brasil continua sendo uma opção atrativa para o investidor global”, afirmou.
A operação ocorre em meio a um cenário de tensão comercial entre o Brasil e os Estados Unidos, após a imposição de tarifas norte-americanas sobre produtos brasileiros de base energética e agrícola. O governo tem buscado diversificar mercados e consolidar fontes de financiamento que garantam estabilidade cambial e fiscal, mesmo com a Selic em 15%, o maior patamar em cinco anos.
Com a emissão de hoje, o Brasil se torna um dos poucos emergentes a conseguir acesso recorrente ao mercado internacional de capitais em 2025, sinalizando robustez financeira diante das incertezas geopolíticas e climáticas que afetam o fluxo de capitais globais.